segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eu não preciso ouvir tua voz para saber o que você me diz
Prefiro o seu silêncio sem interrupções
O som das suas canções eu substituí pela calma
Desculpe, meu coração ainda palpita
Fica mais acelerado quando o meu pensamento se agarra ao seu
Eu sinto as saudades
Mas não quero despertar para o pesadelo
Para as atrocidades de noites amadas sem coragem
Para tristezas que passam a correr a sua revelia
Continue no silêncio e me fará feliz

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Pessoas se repulsam, se rejeitam e se conflitam
As relações decaem numa velocidade perceptível aos nossos olhos
Mas não alcançáveis às nossas mãos
Perdemos o controle
Nossos desejos tornaram-se fúteis e, ao mesmo tempo, traiçoeiros
Só fazemos aquilo que nos interessa
E nada mais

Também estou só.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sensações de um lugar


A vegetação rasteira do interior de Pernambuco passa rapidamente diante dos meus olhos. Tudo muito verdinho, contrastando com o céu azul. Azul também é a cor do mar, já dizia o grande Tim Maia. Percebo as diferentes tonalidades quando vai chegando próximo à via costeira. A praia aparece de mansinho, entre algumas árvores. Sinto o cheiro de maresia, anunciando o lugar, e logo a cabeça se torna espiã. Procura, procura até achar a grande protagonista, que tem o poder de deixar as pessoas libertas. O ambiente praieiro transpira poesia e musicalidade. O sopro do vento é que nem um blues de qualidade aos ouvidos. Dispenso as sandálias para que nada interrompa o momento do contato. Eis que a areia se junta aos meus pés descalços. Mais alguns passos à frente e sinto a água salgada. Meus pés sábios notam facilmente o sal. Começam a coçar desesperados. Maldita alergia. Alergia? De mar? Como se pode desprezar algo que proporciona intensas emoções? Meus pés são burros, isso sim. Mesmo assim, não me reprimi. Pulei as ondas, agarrei-me ao mar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Versinho de uma tarde

Instantes que o tempo não apaga
A consciência peca ao pensar
A indiferença diz que sim
Mas as lembranças não permitem a vivência
Do mal que faz, ninguém irá me socorrer depois.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Exceção


As pernas frágeis mal conseguiam passar debaixo da roleta
O moleque sabia que de graça ele ia
Pudera, a idade permitia
Passou um, depois o outro e, por último, a menininha dos cabelos de cachos miúdos
Se contorciam para justificar o direito de ir sem pagar
Um espetáculo circense, mas sem aplausos
Atrás, a mãe vinha contente
“São seus?”, alguém perguntou
“É sim. Tenho três bênção”, respondeu ela
Regras que não merecem ser seguidas
A concordância nominal perdeu para tanto orgulho



às 18h43 de um dia pouco engarrafado.