quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Saí de roxo

Três roxos
Dois morenos e um loiro
Roxos desconhecidos
Rostos sonolentos
Como adivinharam tamanha coincidência?
Roxos de glória ou derrota
Tudo se justificava
Menos a roncha que se encontrava na face

Aquilo que a gente chama de ironia do destino



A hora do rush está me dando certa neurose. Para quem não sabe, esse é o momento em que todas as pessoas decidem sair de suas casas para trabalhar, ir ao colégio, almoçar, voltar para casa, dentre outras obrigações e necessidades. Mas, é no fim da tarde que o bicho pega. E faz o término do expediente perder o seu posto de “momento de glória”, desde que a classe média passou a adquirir, em tempo recorde, carros e motocicletas. As ofertas e condições de pagamento estão diante dos nossos olhos a cada página virada de um jornal, a cada intervalo de uma novela e até mesmo em jingles, fazendo aquelas letrinhas cheias de atrativos entranharem pelos ouvidos. Resultado: veículos aos montes pelas ruas.

Isso tem sido, literalmente, um congestionamento na minha vida. O engarrafamento desanima a minha saída do trabalho. Pior ainda porque sou subordinada ao transporte público. *Se algum paulistano ler este texto, pode até achar meu inconformismo uma tempestade em copo d’água. Afinal, eles adorariam estar na minha situação.

Semana passada, peguei um ônibus lotado. Daqueles que você chega a sentir a respiração do camarada ao lado. Além de todo aperto e suor, ainda tive que me contentar com uma poça de vômito. Argh! O mau cheiro insuportável sofreu para acostumar as narinas. Vi pessoas tapando o nariz e puxando o ar pela boca, numa tentativa de respirar sem sentir o odor. Para completar, o céu do Recife parecia que ia desabar, de tanta chuva que caia. As pessoas subiam com seus guarda-chuvas ensopados e se uniam àquele ambiente de insanidade.

Já havia passado 40 minutos e o ônibus só andara meio metro. Depois, mais vinte minutos parado, intacto, completando uma hora. Os passageiros começaram a descer desesperados. Muitos pareciam búfalos. Outros tentavam se distrair com o aparelhinho de MP3. Santa tecnologia…com tanto desarranjo, o homem precisa mesmo inventar coisas para acalmar os nervos.

Eu também pensei em me livrar do veículo e sair andando em procissão com os outros. Aguentei firme, pois eu tinha conseguido me acomodar numa cadeira. Não é todo dia que se vai sentado, tive que aproveitar a oportunidade, mesmo na pior das situações.

Coloquei minha cabeça para fora da janela, tentando achar o principal culpado de tudo aquilo. Tem que ter alguém responsável por aquele caos. Será o sinal quebrado? Uma batida? Um animal morto no meio da rua? Uma passeata estudantil a favor da diminuição das passagens? Nada encontrei.

Até que, enfim, o trânsito começou a desafogar…E eu pude chegar ao meu destino, a minha faculdade, responsável por me ensinar, dentre outras coisas, a bolar textos para anúncios. Por ironia, uma das coisas a qual me dedico é criar maneiras atrativas de vender carros, novos e semi-novos. Nem é preciso muito esforço para perceber que, quanto mais eu consigo convencer, mais pessoas adquirem automóveis!. De fato, o lucro dos nossos clientes (concessionárias) é o objetivo, bastante satisfatório por sinal. Até eu pegar novamente um trânsito quilométrico e me sentir traída pelo meu próprio trabalho...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Divagação I



- Alci, me ajuda aqui a pensar. Preciso terminar esse job.
- Diz aí! O que é?
- Olha, pensei assim, assim e assado, para dar uma idéia assim, diferente.
- Eu acho que tá muito sério, Déa. Tenta usar o humor. Humor é sempre bom.
- Não dá. Eu não sei fazer humor com o meu mau humor.