O taxista se declarou.
E não foi pra mim. Foi pro Jorge.
Jorge é aquele tipo de cara que qualquer um comenta, seja
para falar mal ou para elogiar. Um dia, na volta para casa com dois amigos do
trabalho, o papo foi ele. O papo foi Jorge.
Jorginho era um cara lindo, elegante, peito de pombo e
cabeça de galinha. Falava bonito e tinha um olhar estonteante. Já se apaixonou?
Ainda tem mais. Loiro, alto, moreno claro e olhos azuis, feito cor de piscina bem tratada com cloro. Por onde passa, as mulheres se abanam e suspiram “Ai, o Jorginho”.
No calor da conversa, um dos meus amigos fala:
-
“Foda que o Jorginho tinha tudo pra ser um cara
rico, bem sucedido. Pena que não soube fazer. Se eu fosse ele, pelo menos, aproveitava para comer todas as mulheres do planeta”, desabafou.
-
“Se ele fosse desenrolado, eu chamava até pra
ser o comercial da minha empresa”, interrompeu o outro.
-
“É, o
cara é foda mesmo.”
Foi mais de meia hora de Jorginho pra cá, Jorginho pra lá.
Todo mundo do carro já era louco por ele, mesmo sem conhecer. Até que chegamos
ao nosso destino. Descemos do carro, pagamos a corrida.
-
“Toma aqui o dinheiro. Boa noite”, eu disse.
-
“Aí, faz um favor? Manda um beijo pro Jorge”,
declarou-se o taxista.