quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Eu tenho pressa



Ando sem tempo para escrever nesta bodega. Um dos (muitos) motivos você vai saber ao ler o texto que segue abaixo. Quem escreveu foi Carla Alencar, amiga e companheira de projeto.

Tudo despertou com a história de Neilton, um jovem nascido e criado em uma das comunidades mais pobres do recife: O Alto José do Pinho. Já tinha ouvido falar que ele era pintor, construía amplificadores de alta potência e que montou sua própria guitarra a partir de sucata e materiais recicláveis. O mais incrível é que ele é autodidata em tudo o que faz. "Nunca vi impedimento em ter um bom instrumento, se alguém fez a primeira guitarra, por que eu também não poderia fazer? A galera da revista trip veio aqui e ficou perguntando sobre a guitarra, já não agüento mais falar da guitarra... eu não fiz pra chamar atenção, fiz porque eu queria um instrumento e não tinha dinheiro", disse Neilton.

"Esse cara tem muito o que falar", pensamos. E realmente tem, o depoimento dele daria pra fazer tranquilamente um longa,cheio de detalhes, cuidado e cores. Neilton é de pura sensibilidade. Segundo Hugo Montarroyos,repórter e critico de música do site Recife Rock "Neilton é o Da Vinci da guitarra". E o camarada destrói mesmo, no bom sentido, claro!

Acontece que outras coisas foram chamando atenção e costurando em um lance mais amplo e instigante. Neilton toca na banda Devotos, que coincidentemente está em meio as comemorações de 20 anos de carreira juntamente com Cannibal e Celo.

Cannibal é uma figura conhecida em Recife, e, mesmo os que possivelmente não conheçam sua história, já devem ter ouvido falar alguma coisa a respeito daquele cara de dreads enormes e que, juntamente com Celo, idealizou a ONG e rádio comunitária Alto falante.

Celo é o batera, e faz com suas baquetas um som pesado, um hardcore de raiz, verdadeiro.

O que nem todo mundo sabe, é que eles são mais que meninos que passaram por dificuldades e hoje estão ai, é mais que uma história bonita, eles vão além de uma banda, são agentes sociais dentro de uma comunidade que conseguiu levantar seu nome a partir da música.

Hoje em dia as pessoas têm orgulho de dizer que moram no Alto, coisa que há 15 anos não era possível "Antigamente quando o pessoal tomava um taxi pro Alto, dizia que estava indo pra Casa Amarela, só quando chegavam na entrada do Alto é que avisavam, porque tinham vergonha... hoje em dia todo mundo tem orgulho de dizer que mora lá",fala Hugo Montarroyos.

O Alto saiu das páginas policiais para o caderno de cultura.

É claro que a marginalização ainda existe e que ninguém vive em contos de fada. Todo trabalho social e toda mudança só é possível a partir de um envolvimento coletivo, mas foram eles a raiz disso tudo, há muitos e muitos anos... Duas décadas para ser mais precisa.

E se os três juntos compõem a banda, por que não um documentário sobre a Devotos?

Então vamo nessa!

p.s1: entrem no blog da Carlinha: http://catando-vento.blogspot.com/. É muito especial!

3 comentários:

Anette Alencar disse...

ô zejuis, adorei o "é muito especial" hehehe.

Pois pe, neguinha.. bola pra frente que atrás tem gente ehehhehee. cheiro!

ps- entrem lá que eu tou mal de visitação! :D

Por detrás da malha fina disse...

projetos?!
todo apoio!

Andreane Carvalho disse...

É Leozito. O nosso projeto de conclusão de curso. Quando eu souber a data da banca, te aviso! Beijão