sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Velhas brigas modernas

Eu pensava que quando a gente vai envelhecendo, além de ganhar rugas, iria se desfazer de certas “picuinhas”. Vou explicar melhor. Essa semana eu estava na parada de ônibus, esperando o maldito, que até hoje aterroriza minha volta da faculdade. Longe de mim gostar de escutar conversa dos outros, mas acabei me entretendo com a fofoca de duas senhoras. Elas aparentavam ter 50 anos, diga-se de passagem, uma idade já bem amadurecida…
As duas modestas damas estavam com uma bolsa a tiracolo (aquelas que ficam com a alça atravessada no corpo). Pareciam que tinham saído de algum curso. E tinham. No diálogo, uma delas se mostrava indignada porque a professora tinha colocado-a num grupo de pessoas odiosas.

- Elas me odeiam, como poderei fazer trabalho com elas?
- E eu também. Não, isso não pode ficar assim. Amanhã mesmo eu vou falar com a professora.
- Uma delas já chegou e disse pra mim que não ia com a minha cara. Disse que eu queria ser melhor do que todo mundo, até da professora. Me chamou de manipuladora!
- Elas não gostam de mim também não. Sem condições de fazer qualquer coisa que seja com essas meninas (sic). Isso é um absurdo. A gente tem o direito de escolher com quem trabalhar.

Depois de ter presenciado a cena, eu fiquei frustrada. Achei que esse tipo de assunto só existia enquanto a gente é jovem, quando estamos cercados de relações nebulosas e situações que nos tornam rivais. É claro que sempre existe aquela pessoa com a qual somos confidentes e juramos amizade eterna, mas as desavenças e o tal do juízo de valor ganham em disparada. Uma pesquisa realizada com usuários britânicos do MySpace, por exemplo, revelou que 36% dos jovens preferem amizade online. Sozinhos.com foi o título dado a uma matéria de capa da Veja, um dia desses. As redes sociais, como atestam os mais experientes no assunto, estão engolido as relações humanas, tornando-as frágeis. Então, eu pensei…será que essas duas senhorinhas não estão sabendo disso? E elas nem cresceram bombardeadas por tecnologia e sites de relacionamento para serem tão agressivas. Acredito piamente que a amarelinha e o esconde-esconde fizeram parte da infância delas! Pena que a tal modernidade furtou o que elas tinham de melhor: a serenidade

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